Saturday, December 27, 2025
Erros de gramática (Novembro-Dezembro de 2025)
"A indústria faz os produtos que todo mundo se aproveita (...)" (CNI / SESI / SENAI / IEL)
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"Escolha de Bolsonaro por Flávio não se trata (ainda) de (...)" (do subtítulo do artigo "A pequena família Bolsonaro", de Rodolfo Borges, no sítio O Antagonista -- não sei se o subtítulo é escrito pelo autor ou por outra pessoa)
Espantosamente, o redator conseguiu cometer dois erros no pequeno trecho mostrado.
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O sítio O Antagonista parece querer destacar-se num tipo específico de erro. No artigo "Condenados por Bolsonaro ao governo Lula", encontramos: "(...) o filho 01 de Bolsonaro indicou que a proposta se tratava de retórica (...)".
O autor é o mesmo Rodolfo Borges do artigo citado anteriormente. Naquele caso, o erro estava no subtítulo, cuja autoria eu dei como incerta. Agora, ele está no corpo do artigo.
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De uma pessoa cujo nome não memorizei, sendo agora entrevistada na TV: "(...) as pessoas podem vim (...)".
Tendo em vista quem é a pessoa em questão, infere-se daí importante lição: o sucesso financeiro não depende do aprendizado da própria língua em sua forma normatizada.
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Ouvido num noticiário da TV, há poucos minutos, de uma pessoa sendo entrevistada: "(...) entender de que uma coisa são as expectativas, outra coisa é a realidade concreta (...)".
Esse tipo de erro, que está longe de ser incomum, é em minha opinião um dos mais inexplicáveis.
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É revigorante acordar de manhã, ligar a TV e logo de cara ouvir, no canal LIKE+, a pergunta "Do que se trata seu show?".
Esse erro parece ter "viralizado"; aparentemente o emprego dessa construção incorreta faz milhões de pessoas deste país felizes.
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De alguém em um programa de TV no canal Arte 1: "(...) e utiliza disso para se tornar a nossa maior força".
De um modo geral, a construção acima não é exatamente um primor de acerto no uso das palavras, mas sejamos tolerantes, pois não se pode exigir da fala uma correção igual à da escrita. O que eu não entendo mesmo é esse erro (cada vez mais comum) de regência verbal. Por que as pessoas falam assim, meu Deus do céu? Um erro que simplifica é facilmente compreensível, mas um erro que complica só pode ser compreendido com o auxílio de um psicólogo, ou talvez um sociólogo.
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O sítio O Antagonista brinda-nos hoje com mais um primoroso erro de português. Um presente de Natal e tanto. Diz o título de uma matéria do incansável Rodolfo Borges: "Toffoli, Moraes e Gilmar fazem o que quiserem".
A língua portuguesa solidificou-se em sua forma culta ao longo de séculos, e agora desmancha-se no ar a olhos vistos. (Note que a sentença anterior remete a uma citação de Marx e também ao título de um livro tirado desta citação, que, na tradução publicada no Brasil, contém ele mesmo um erro gramatical.
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No Jornal Nacional de ontem, uma pessoa muito importante declarou: "(...) deixar claro -- para governos, até para a indústria -- de que esses (...)".
Quando comecei a compilar erros de gramática, pretendia "caçá-los" nos vários veículos de comunicação. Não foi preciso. Na verdade, não consigo escapar deles. E eles não escolhem classes sociais: desde pessoas mais humildes até os mais altos figurões cometem-nos rotineiramente. A conclusão inevitável é que gramáticos, professores, Pasquale Cipro Neto, etc. foram inúteis, e quem pagou por seus serviços perdeu dinheiro.
O erro acima ("botar 'de' em tudo") é um dos mais repugnantes. E, embora não haja como afirmar com certeza, suspeito que é um erro dos "educados", ou seja, vem predominantemente de pessoas que têm curso superior. Talvez seja esta a origem do título que alguns deles ostentam: Ph. 'de'.
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Ontem, no canal CNN brasileiro, de uma repórter ou correspondente: "(...) algo que a Ucrânia se opõe (...)".
É covardia apontar erro em discurso oral, cometido sob a pressão de uma transmissão ao vivo? Para responder a isso, sugiro prestar atenção a algum canal de TV português (por exemplo, o SIC, que é transmitido no Brasil por algumas operadoras de TV a cabo) e tentar encontrar algum repórter cometendo esse tipo de erro (ou, suspeito, qualquer outro).
