Saturday, November 25, 2017
Roubos
Uma reflexão melancólica me assaltou hoje, da qual ainda não me recuperei. Passou o filme Beijos Roubados, de François Truffaut, na TV, que eu já vi, e eu parei para ver o letreiro, e ouvir a bela canção de Charles Trenet e Léo Chauliac, "Que resta de nossos amores?", de cuja letra o título do filme foi extraído. E pensei com meus botões (força de expressão, pois minha vestimenta não os possuía na ocasião): hoje esse verso dessa canção não despertaria devaneios ou suspiros nas mocinhas, mas protestos enraivecidos, passeatas ruidosas e escândalo generalizado. Afinal, beijos e outras carícias devem ser consentidos, jamais roubados. "Não" -- asseveram-nos em tom categórico todos os veículos de comunicação e órgãos oficiais -- quer dizer "não"! O assédio sexual, por certo, é um tópico momentoso que demanda a urgente atenção de nossos legisladores e juízes. Suas deliberações farão um bom espetáculo que sem dúvida roubará nossa atenção.