Sunday, January 11, 2015
A tirania me apequena e a democracia não está à minha altura!
Um fenômeno curioso que se observa no Brasil e em outros lugares do Ocidente: as pessoas se sabotam politicamente por um estranho processo que envolve valores que se anulam por contradição. Por um lado, existe a rejeição a regimes autoritários, como se viu recentemente no Brasil quando houve um repúdio maciço da mídia a dois ou três gatos pingados que pediam algum tipo de intervenção militar. Provavelmente a mídia nesse caso realmente representa a opinião de muita gente. A razão para essa rejeição, na maioria dos casos, é o sentimento de que a ditadura fere a dignidade do cidadão, diminui-a.
Por outro lado, quando um político faz o que se espera dele numa democracia, por exemplo, faz acordos, ou faz demandas de cargos em retorno por seu apoio, é mal visto. Um outro exemplo: o recente caso de Le Pen na França, que divulgou seu nome e suas ideias valendo-se de um fato real (negativo, como geralmente ocorre), e foi chamado de "urubu". Nesses casos, o que ocorre é uma rejeição a um agente da democracia por insuficiente dignidade em seus atos. Ou seja, o motivo oposto ao experimentado com relação ao ditador.
Desse modo, a chance de o cidadão encontrar um modo de representação política tende a zero, devido a sua contradição interna. É mais ou menos como aquela frase famosa que diz da impossibilidade de se ter um bolo e comê-lo também. Ou talvez aquela outra do Groucho Marx, que disse: "Eu não pertenceria a um clube que me aceitasse como sócio."