Tuesday, August 09, 2011
Da incapacidade de entender um texto: José Paulo Paes
No ensaio "Um aprendiz de morto", José Paulo Paes brinda-nos com o seguinte parágrafo:
"Desde Esaú e Jacó sabia-se que o Conselheiro deixaria após a morte, como seu legado principal, sete cadernos manuscritos, em seis dos quais falava mais de si que dos outros; no sétimo, por ele mesmo chamado Último, fazia exatamente o contrário. Desses sete cadernos, houve por bem M. de A. (iniciais com que Machado assina, como uma espécie de editor, a "Advertência" do Memorial, e que curiosamente são as mesmas do título do livro) só imprimir o Último, aquele em que o Conselheiro menos falava de si. A justificativa era a de ser esta parte a única capaz de, "decotada de algumas circunstâncias, anedotas, descrições e reflexões", dar "uma narração seguida", virtude que, para um romancista de profissão, certamente sobrelevaria quaisquer outras. Entretanto, a intervenção do editor parece ter-se limitado aos cortes; em nada mais interviria ele no manuscrito do Conselheiro, conservando-lhe inclusive a forma de diário, de anotações soltas encimadas por datas e ordenadas cronologicamente."
Em primeiro lugar, de onde o autor tirou a ideia de que "em seis [...] falava mais de si que dos outros; no sétimo, por ele mesmo chamado Último, fazia exatamente o contrário"? Em segundo, e mais grave, o tal Último foi impresso com o nome de Esaú e Jacó. Não fazia parte do Memorial. Os que foram "decotados", etc., foram os seis primeiros, e se transformaram no livro Memorial de Aires.
"Desde Esaú e Jacó sabia-se que o Conselheiro deixaria após a morte, como seu legado principal, sete cadernos manuscritos, em seis dos quais falava mais de si que dos outros; no sétimo, por ele mesmo chamado Último, fazia exatamente o contrário. Desses sete cadernos, houve por bem M. de A. (iniciais com que Machado assina, como uma espécie de editor, a "Advertência" do Memorial, e que curiosamente são as mesmas do título do livro) só imprimir o Último, aquele em que o Conselheiro menos falava de si. A justificativa era a de ser esta parte a única capaz de, "decotada de algumas circunstâncias, anedotas, descrições e reflexões", dar "uma narração seguida", virtude que, para um romancista de profissão, certamente sobrelevaria quaisquer outras. Entretanto, a intervenção do editor parece ter-se limitado aos cortes; em nada mais interviria ele no manuscrito do Conselheiro, conservando-lhe inclusive a forma de diário, de anotações soltas encimadas por datas e ordenadas cronologicamente."
Em primeiro lugar, de onde o autor tirou a ideia de que "em seis [...] falava mais de si que dos outros; no sétimo, por ele mesmo chamado Último, fazia exatamente o contrário"? Em segundo, e mais grave, o tal Último foi impresso com o nome de Esaú e Jacó. Não fazia parte do Memorial. Os que foram "decotados", etc., foram os seis primeiros, e se transformaram no livro Memorial de Aires.