Sunday, March 20, 2011

 

Um parágrafo

Este blog está às moscas há algum tempo por razões meio misteriosas. Tenho lido alguma coisa, mas por algum motivo não sinto necessidade de falar sobre minhas leituras. De vez em quando ponho aqui algum trabalho escolar, mas há vários na fila e não vem o ânimo para fazê-lo.
Nesse estado de coisas, é com alegria moderada que quebro esse silêncio com um parágrafo que li. Triste como possa parecer, não um romance, nem menos um simples continho. Um parágrafo. Contido numa coluna publicada numa revista semanal brasileira.
A autora da coluna é Patrícia Melo, e o título do texto em questão é "Arte É Forma" ("Isto É", 16 de março de 2011). Aí vai o tal parágrafo, excluída a sua primeira frase, que não é necessária para minha análise:

"É sempre mais difícil acreditarmos no homem do que em Deus. Deus é caleidoscópico, e pode-se acreditar em muitas formas de sua existência: amor, razão, mistério, fé ou natureza. Mas a humanidade é uma só e sua face é geralmente assustadora."

Como Borges diz de uma passagem do "Quixote" de Pierre Menard: a ideia é espantosa. Pois estamos acostumados com o inverso, ou seja, Deus é único, a humanidade é múltipla. Quem sabe que belo conto (ou ensaio) o escritor argentino não seria capaz de escrever em torno dessa inversão do senso comum.
Aqui vai meu conselho à sra. Melo, que desenvolva esse seu magnífico parágrafo em algo mais. Pois Borges está morto e, além do mais, quem pariu Mateus que o embale.

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